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Sobre Ratos e Homens - ou, sobre amar um louco

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Centro Cultural Banco do Brasil
Celeiro
Loucura


             O premiado dramaturgo John Steinbeck, falando sobre a vida dura e sem prêmios, dos sofridos norte americanos. Trabalhadores braçais.
              Encenado pelos premiáveis e reais e maravilhosos Ricardo Monastero e Ando Gabriel, braços e pernas da arte.


Há tempo não falo sobre teatro.
Sofrido, pois foi um casamento feliz -  com o teatro a gente casa, leva para o coração, para a vida, para o sonho. Casamento feliz não devia ter férias conjugais. Mas teve.
E fiel que sou, volto. Voltarei sempre. Amor de verdade a gente esquece que ama, mas não deixa de amar. Outros amores menores vem e vão. Nem sempre são menores, não posso ser injusta. são mais provisórios, mas não menos importantes. Apenas transformam menos e castigam menos, e gratificam mais. Ou menos? Ainda não sei.

Mas sei que desfrutei um lindo revival de amor com esses ratos. Homens? Sempre. Ratos? Muitas vezes ratos, pequenos, irritantes, nojentos. E misteriosamente, apaixonantes.
Voltemos a um passado distante e triste, quando os homens só tem a força bruta com a qual ganham o pão.  Em terras norte americanas.
O caríssimos está se questionando. É isso aí. Houve muita crise em terras de Obama e Trump, anos atrás, e o "chapas" trabalhavam em troca de comida e casa, fazendas afora. Escravos brancos. Não é privilégio dos norte americanos, telling the truth.
Nossos homens ratos passam o pão que o diabo amassou para ganhar o pão de cada dia. Unidos por um amor fraternal emocionante, Lennie e George dividem o suor e a palha onde dormem. Dividem a nuvem ilusória de um sonho de dias melhores.
Um deles é louco. Não direi qual. Não importa.
Importa que é louco, que é bruto, que é perigoso. Que mata sem querer, ou quase. Importa que tem o álibi da loucura. Importa que é amado mesmo assim. Importa que é protegido mata adentro, rio adentro, alma adentro.
Importa que destrói sucessivas vezes a vida do outro, e de quem vier a amá-lo.
Mais não direi. Seria estragar a emoção da revelação da verdade final. Da tristeza final. Da vida e morte finais.
Alguém sempre morrera´ por amor. Alguém matará nas guerras, em nome do amor e da liberdade. E da sobrevivência. Matar ou viver?, eis a questão.
Alguém que ame um louco não encontra resposta simples. São muitas respostas, muito dramáticas e difíceis de aceitar.
Essa tragédia não é no celeiro. É no divã do terapeuta e no confessionário.
É na alma de quem amou o rato, o homem e o louco.
Digo por vi - vá.
Vá. Chore e se arrepie.
Somos todos loucos e sobreviveremos aos maravilhosos ratos que abrigamos em nossa vida.
Ou eles nos matarão.
A escolha é sua, é minha, é nossa. No Brasil, no mundo, e neste nada árido coração.

       



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